segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Solzinho

Mesmo com o tempo benigno como tem estado
solzinho, céu sem uma nuvem, as cores do Outono imóveis nas árvores
Novembro é Novembro, dias pequenos

ainda agora saí da escolinha e já tudo é quase uma penumbra
- Já não há sol, avó

de modo que quando chegamos a casa
hoje a casa é a da avó São e do avô Jorge
o baloiço não passa de uma mancha vaga debaixo do alpendre e por isso
estava-se mesmo a ver
- Baloiço agora não, já é noite e está frio
- Mas eu quero
- Agora não, podes constipar-te, amanhã
e amanhã é sábado, vou ficar todo o dia em casa da avó São e do avô Jorge, e no domingo também, e então sim, como vai estar sol
só pode estar sol
vou mesmo andar no baloiço

não comecem logo com essas coisas de frio e constipações
- Está solzinho, avó
e assim foi, o solzinho veio, amornou o ar
e aí vou eu
- Com força, avô
enquanto o avô vai imaginando mais umas toadas para ti.


SOLZINHO

O baloiço não pára
o ar está frio
e roça-me a cara
num arrepio.

Roça-me a cara
num arrepio
e o baloiço não pára
Oh que ar tão frio.

Roça-me a cara
roça-me os pés
e o baloiço não pára
Ó sol, tu não vês?

Oh que ar tão frio
e o baloiço a pender
vou chamar o sol
para me aquecer.

Sol
solzinho
muito quentinho
vem cá abaixo
aquecer
os meus pezinhos.


Avô Jorge